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Usar biquíni molhado durante muito tempo causa infeções? Quais os cuidados a ter?

10 Jul 2023 - 09:42

Usar biquíni molhado durante muito tempo causa infeções? Quais os cuidados a ter?

Tirar o fato de banho ou o biquíni assim que se sai da praia ou da piscina é um conselho partilhado nas redes sociais. Quem o recomenda defende que ficar com o biquíni molhado durante muito tempo potencia o aparecimento de bactérias e fungos. Mas será mesmo assim? Quais os cuidados a ter?

Ficar com o biquíni molhado durante muito tempo potencia o aparecimento de fungos e bactérias?

Em declarações ao Viral, o obstetra e ginecologista Miguel Macedo começa por explicar que “a pele, em condições normais, já se encontra colonizada por fungos e bactérias que coexistem em equilíbrio e não causam doença”. 

Contudo, acrescenta o especialista, “quando surge um desequilíbrio, seja por imunodepressão, alteração hormonal ou ambiente propício (escuro, húmido e quente), uma subpopulação fúngica (das várias que existem na pele) irá crescer de forma desproporcional”.

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Por consequência, continua, isto irá “causar, com mais frequência, uma vulvovaginite por Cândida (ou candidíase)”. 

Então, pode dizer-se que usar biquíni molhado durante muito tempo causa infeções? “Não existem estudos formais que abordem este tema em específico e não é possível estabelecer uma relação temporal exata”, responde o médico. 

No entanto, defende, “parece empiricamente evidente que manter um biquíni húmido durante várias horas, sem ventilação adequada que permita a sua secagem, potencia as condições ideais para o crescimento fúngico”.

Qual o tipo de infeção mais habitual neste contexto?

Tal como já referiu o obstetra, a candidíase é o quadro clínico mais provável nesta situação. Esta doença “manifesta-se normalmente por um corrimento vaginal branco, sem cheiro, associado a prurido/comichão da região da vulva, que estará, por norma, vermelha e ligeiramente edemaciada”, esclarece. 

Num documento da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) refere-se que, no caso da candidíase, “não é recomendado o tratamento de mulheres assintomáticas” e de “parceiros sexuais assintomáticos”. 

Se houver sintomas, “o esquema de tratamento deve ser diferente consoante se trate de candidíase não complicada ou complicada”. São consideradas “candidíases complicadas severas” aquelas que são “recorrentes” e “as candidíases nalgumas situações especiais”, adianta-se no mesmo texto.

Segundo a SPG, os tratamentos “orais e intravaginais são igualmente eficazes, com alívio dos sintomas e culturas negativas em 80-90% das doentes que completam o tratamento”.

Quais os cuidados a ter?

Ao remeter para as recomendações do Royal College of Obstetrics and Gynecology, Miguel Macedo refere três cuidados essenciais a ter para evitar que estas infeções aconteçam: 

  1. Higienizar e hidratar a vulva sem imersão uma vez por dia (evitar várias lavagens ao longo do dia)”;
  2. “Usar roupa interior preferencialmente de algodão”;
  3. “Usar produtos de higiene hipoalergénico com pH entre 4.2 e 5.6, para manter a homeostasia da pele”.  

O obstetra considera ainda importante referir que “as mulheres com algum grau de depressão imunológica, diabéticas ou sob terapêutica antibiótica têm maior risco de desenvolver infeções fúngicas”. 

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Assim sendo, alerta, “nestes casos, a manifestação das mesmas poderá ser mais exuberante”. 

Por isso, “se suspeita que poderá ter os sintomas referidos, deve recorrer ao seu médico de família ou centro de saúde da área de residência”, aconselha o especialista.

Miguel Macedo lembra, contudo, que “esta situação não constitui, numa primeira fase, uma indicação formal para observação num serviço de urgência de obstetrícia e ginecologia”.

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Ginecologia

10 Jul 2023 - 09:42

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